Tuesday, August 23, 2005


Polaroid"Face a tragedia que assola a Regiao de Coimbra - que esta a ser fustigada por violentos incendios - a Direc�ao da Associa�ao Academica de Coimbra/ Organismo Autonomo de Futebol decidiu organizar um Jogo de Futebol entre a equipa da Academica e uma outra equipa a designar brevemente, que ter� lugar no Estadio Cidade de Coimbra na proxima paragem do campeonato e cuja receita revertera a favor das vitimas dos incendios." velho do calhabe dixit

27 comments:

zeu s said...

Polaroid ou a realidade captada em instantaneos pela rapaziada.
Ah,Pois é, com a reabertura do tasco surge uma nova rúbrica cá pelo blogue -sempre atentos hein?- agora cada vez que assim o entender significativo, relevante, bonito, discutivel, Zeu s, alcandorará a tema (vulgo post) afirmaçoes, fotos, artigos, considerandos ou outras diatribes da autoria dos restantes bloguistas.
Este espaço, usado com obvia parcimonia, pretende dar voz a quem dela nao precisa:os pobres desgraçados, porque nao oprimidos, que vagueiam no blogue.
Não a julguem um prémio à vossa dedicaçao, entrega, entusiasmo, simpatia, inteligencia, categoria, sensualidade.
Entendam que é mais uma ameaça, uma atençao, um novo olhar sobre as bestialidades, improperios, dislates, afirmaçoes, denuncias, desabafos, coscuvilhices e outras produçoes de que só voces sao capazes.
Generoso, zeu s criou ainda uma conta de email (ao contrario do bloco assassino esta conta já está paga e por isso deve ser utilizada), cafeatenas@gmail.com, com a espantosa capacidade de dois giga. Assim fico ansioso pelas vossas comunicaçoes, escritos, videos e fotos caseiras ou outras porcarias que, enquanto adultos consciente e saborosamente mal formados, entendam enviar, sem qualquer compromisso de publicaçao claro.
Que nao se infira tambem que a gerencia se julga menos capaz ou mais cansada para continuar a fustigar a memoria e imagem colectiva da tripulaçao, nada disso, apenas se considera que a corporaçao já berrava de descontentamento e por issso se faz uma concessao ainda que minima.
Toca a usar cafeatenas@gmail.com

Anonymous said...

Que vergonha, ó pá! Vergonha vergonha vergonha...o pior é que os terrenos queimados em breve irão servir para condomínios de luxo e diabo-a-quatro. Enoja-me ver este aproveitamento mefistofélico da desgraça comum. Tou mal-disposto...

Anonymous said...

"Incêndio fora de controlo dentro da cidade e na periferia

Depois de uma noite de pesadelo, em que o incêndio andou descaradamente pela cidade de Coimbra, o dia de ontem não trouxe melhoras. À hora de fecho desta edição, a situação na freguesia de Almalaguês suscitava as maiores preocupações

Zulmira Santos, 84 anos, tinha «uma casinha com tudo o que era bom», numa encosta íngreme da aldeia das Carvalhosas, com o rio ao fundo e Torres do Mondego na outra margem (direita). Nas últimas horas de domingo, as chamas avançavam lá do cimo da Serra do Carvalho, e o neto de Zulmira Santos levou-a da casa, ainda intacta. Mas o fogo, aliado a um vento traiçoeiro, havia de fazer uma manobra fatal: contornou o topo norte da aldeia, descendo até quase ao leito do rio, e progrediu encosta acima, consumindo pinheiros e eucaliptos. Em minutos, chegou a um silvado encostadinho à habitação de Zulmira Santos. E como não havia bombeiros por ali, nem a população tinha água nas torneiras, as chamas entraram à vontade pelas traseiras da casa da idosa, destruindo-lhe todo o recheio – só um fogão e uma botija haviam sido resgatados.
Da outra margem do rio, em Torres do Mondego e no Casal da Misarela, os moradores sobressaltavam-se com assustador espectáculo que viam nas três povoações da margem esquerda. Carvalhosas, Palheiros e Zorro estavam cercadas pelas chamas que avançavam do lado de Poiares, onde tudo começara, e por aquelas que progrediam desde o rio, encosta acima. «Há casas a arder», observava-se em Torres do Mondego - confirmou-se a destruição da de Zulmira Santos e de uma outra em Palheiros e dez em todo o concelho - de onde se ouviam homens a gritar e motosserras de última hora. A direcção do vento facilitava a audição desses ruídos, e confirmaria os maiores receios dos moradores da margem direita: as fagulhas atravessavam o rio e acabaram decerto por ser responsáveis pela propagação do incêndio à Ribeira da Misarela, onde ameaçou nove habitações, e à zona do Areeiro.
Aqui chegado, o fogo subiu encostas a uma velocidade impressionante e instalou-se descaradamente na cidade. Coimbra parecia em estado de sítio. Havia labaredas por todo o lado e milhares de pessoas na rua, clamando pela ajuda que os 290 bombeiros de serviço no concelho não conseguiam dar. É que o fogo cercava a cidade pelo lado nascente, mas também lavrava com muita violência nas freguesias de Ceira e Castelo de Viegas, colocando em perigo habitações e o próprio Hospital Sobral de Cid.
Por volta das duas da madrugada, na rua Brigadeiro Correia Cardoso, que liga os Olivais ao cimo da Avenida Elísio de Moura, temia-se o avanço de uma frente de incêndio que ameaçava galgar a circular externa. Os moradores atravessavam a rua com mangueiras e baldes de água, protestavam contra a ausência total de bombeiros. Quando estes aqui chegaram, já dois automóveis tinham sido destruídos e uma fagulha incendiara um apartamento cujos donos estavam de férias. De qualquer modo, havia ainda que apagar as chamas que consumiam árvores e mato encostados ao parque de estacionamento de um prédio daquela rua. O problema é que o autotanque dos bombeiros já não tinha água e a boca-de-incêndio ali existente não funcionava… «Isto é uma vergonha», protestava um jovem, que vira a mesma encosta arder há oito anos atrás. Uma septuagenária comparava os dias de hoje com outros tempos: «Quando vim para aqui, era só mata por aí abaixo e não havia fogos».
Dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, que deitavam água para dentro de uma casa em chamas, no Alto dos Malheiros, Aurélio Relvas não queria acreditar no que estava a acontecer: «Nunca vi uma coisa destas, é uma coisa desconforme», desabafava. Mais em cima, no Picoto dos Barbados, as chamas já tinham queimado parte da Mata Nacional de Vale de Canas e avançavam para o lado do Zorro. A situação no Tovim também suscitava grandes preocupações.
Quando o dia começava a clarear, população e bombeiros continuavam a vigiar e a bater-se como podiam contra o fogo e o vento, ainda no Tovim, nos Alto dos Malheiros, no Pinhal de Marrocos e até na Quinta da Maia, que se julgava protegida pelos prédios da Elísio Moura. «Isto parece um filme de terror», dizia um agente da PSP à paisana, no Chão do Bispo, por volta das seis e meia da manhã, quando um bombeiro meio intoxicado dali foi levado pelo INEM e uma outra boca-de-incêndio deu mais uma nega. «Esta merda é Portugal», protestou o bombeiro sem água. A poucos metros, até a bonita palmeira de uma vivenda do Chão de Bispo ardia impunemente.

Almalaguês em alerta vermelho

O amanhecer não augurava nada de bom, mas era preciso ser muito pessimista para imaginar uma tarde tão negra no concelho de Coimbra. Ainda do lado nascente da cidade, o incêndio progredia, sem grande oposição das poucas aeronaves disponíveis, no Roxo, em Castelo Viegas, em Ceira, em Almalaguês, nas Torres do Mondego…
Nesta localidade, labaredas tocadas pelo vento que desciam da Mata de Vale de Canas assediavam as traseiras de duas casas, entre gritos descontrolados de mulheres. «Davam-me cem contos por aqueles eucaliptos naquela encosta toda ardida», contava José Simões, 79 anos. Um agente da PSP, bastante enervado, tentava convencer um grupo de bombeiros, que estava a cerca de um quilómetro de distância, do risco que corriam aquelas duas casas. «Está ali um carro de bombeiros, mas dizem que não têm autorização para sair de lá», explicou depois o polícia a um superior. Junto ao rio, bem perto de uma praia fluvial que tem refrescado milhares de pessoas e ontem estava deserta, a equipa de reportagem de uma televisão espanhola filmava as chamas que consumiam um campo de milho e mais um matagal encostado a uma moradia.
Um outro repórter contava que a situação na freguesia de Almalaguês estava muito complicada. Várias frentes de fogo rodeavam as povoações de Carpinteiros, Vale de Cabras, Anaguéis, Monte de Bera… Mas era justamente a sede de freguesia que contabilizava maiores prejuízos. Junto a uma antiga serração transformada em mero depósito de madeira e oficina automóvel, onde já havia barracões derrubados, Virgílio Coelho caminhava apressadamente com um cão pela trela e outro ao colo. Resgatara os animais da casa de um outro caçador, José da Silva, que acabara de arder. A duzentos metros dali, o fogo também tinha transformado em destroços o edifício pré-fabricado que servia de sede aos escuteiros de Almalaguês.
O presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, já sobrevoara Almalaguês e apontava a freguesia, na antena da TSF, como a mais problemática. A tarde estava nas últimas, o vento soprava mais forte e a frente de incêndio que consumira a grande casa de José da Silva avançava sobre uma enorme mancha florestal, que liga o concelho de Coimbra ao de Miranda do Corvo."

Quem terá sido o sacana que desencadeou este fogo?

zeu s said...

Em casa sem pao todos ralham alguns com razao.
Zeu s cumpriu o seu dever civico duas noites atras integrando o punhado de cidadaos anonimos que apagaram os fogos na quinta do pontao, quinta da maia, ladeira de montessao, antonio jardim.
Bem dentro da cidade, encravada entre urbanizaçoes, é facil encontrar esta pequena mancha de silvas e eucaliptos, prontinha a arder, qual tocha, ja que o proprietario, a protecçao civil, a camara municipal, a junta de freguesia, ou demais irresponsaveis, apesar de insistentemente contactados, insistem em sacudir as obrigaçoes do capote.
Provavelmente ocupados com outras ocorrencias, nao tivemos nessa noite o vislumbre de qualquer farda ou meio de combate oficial (pelo menos entre as 01h00 e as 09h00), valeram os populares.
Hoje as 05h00, novo reacendimento, contactei os bombeiros (117) que sim, que tinham enviado meios, mas dos lentos, daqueles que por volta das 06h30, quando apagamos o foco de incendio, ainda nao tinham chegado.
A hora em que escrevo, 17h50, acabam de sair do mesmo local os componentes de uma equipa de quatro bombeiros que finalmente parecem ter debelado nova erupçao, antes atacada pelos populares.
O meu sentido obrigado a todos os que ajudaram neste esforço.
O meu mais gutural escarro para todas as entidades publicas e privadas que nada fizeram para evitar tragedias maiores, façam um ultimo favor: nao ponham sequer as barbas de molho, nos precisamos da agua.

TUBARÃO!!! said...

Escarraremos juntos nesses filhos-da-mãe, Zeu s!

Anonymous said...

Eu vi-o lá no Marco dos Pereiros onde o fogo ardia...belo...horrível...(estou a falar do fogo!)
Estava sentado na sua scooter... vermelha metalizada tipo Harley Davinson com muitos cromados...e disparava uma sony cool pix com a destreza de um lomógrafo. À pergunta, mora por aqui? Está preocupado que a sua casa arda? Respondeu risonho, naaaa eu moro no alto dos Barreiros…ainda hoje lá arderam umas oliveiras… estou aqui a ver… já fui quase até Almalaguês mas a estrada está corta.
O “Conductor” porque tem espírito não tem idade, vai mesmo a todas, ele é carros telecomandados ele é coleccionismo de Mercedes ele é scooters ele é camisas havaianas, ele até pôs o scolla a cantar umas coisas…
Ah homem do caralho!

zeu s said...

So tem um problema esse grande homem, esse alma grande como nos contos do torga se definia os capazes daquilo que aos outros fazia estranheza: Uma desavença ocasional com o kamurka.
De resto é um dos grandes que temos o privilegio de conhecer, um dos dificeis de emparelhar, cromo raro e dificil, um lider como ha poucos, como dizes e bem: um condutor
Ah homem do caralho

Anonymous said...

Fizeste mais do que isso, irrompeste do meio do matagal que circunda as nossas casas, do alto das tuas calçonetas( essas pernas devem estar uma miséria), e foste arriscar o “pêlo” por uma casa que não era a tua.
Por mais ondas que venhamos a apanhar, nunca te conseguirei explicar o alívio que foi ouvir a tua voz no meio daquele horror.
Para ti, um grande bem-haja.

Lenita

Anonymous said...

Já nem tenho palavras para falar sobre esta situação. Estou verdadeiramente revoltado com toda esta situação. Parece que andam a brincar com as pessoas, a fazê-las cometer actos de heroísmo desesperado para depois se rirem nas suas caras.
Não tive de apagar nenhum fogo, felizmente. Não tenho estado em Coimbra. A única coisa que me pediram, nos últimos tempos, foi para pagar a Segurança Social. Ao que me apeteceu responder: "Pagar? Já vos vou apagar esse fogo!"

FÓNIX

Anonymous said...

Se em momentos de tragédia te fazes ouvir- grata a mais um dos muitos feitos heróicos do teu e meu Zeu s- que em momentos de mais são e gratificante convívio preponderes na CUMberseta, minha querida!Beijinhos do,


CORTO

P.S.-Esse calo...?Vai...?

Anonymous said...

Comandante as maquinas limpam o outro topo do predio,escuto, nao ha ocorrencias nem reacendimentos,escuto, tudo calmo no posto de vigia, escuto, só nao percebemos uma voz que vinha dos ceus, parecia um deus irritado a dizer : "com que entao uma casa que nao era tua hein, logo hoje que havia ameijoas, coentros e jolas, que peninha, tenho que mudar de princesa e de monte, para um mais formoso, pode ser que ela goste mais de deuses em calçoes", escuto, roger and out

Anonymous said...

Amêijoas? Coentros? Jolas? Onde? Em nossa casa?!
Às nobe!
Ninha, quietinha…
Over.

Anonymous said...

Alinhava numa coisa dessas...como é que disseram...?Coentrada....

Anonymous said...

Levo umas sereias? De bombeiro?

Anonymous said...

La estas tu a a falar como o parvo do surfista: " ai e tal 150 e picos, tal e coiso, e calçoes amarelos e tal", pela ultima vez: os calçoes sao laranja, LARANJA, LA-RAN-JA, l-a-r-a-n-j-a, naranja, orange, zimmers, rooms.
Caramba, ja basta o alvaro para daltonico, conduzir a centenas à hora e ainda ter moral para raspanetes por causa de uma ondita.
É a puta da mania de vos convencerem que isto assim (aproximar o polegar do indicador), sao vinte centimetros, que as cegonhas vêm de frança, que o sporting tem hipoteses com o pezudo e o polga, que se deve acelerar no amarelo, e que podem continuar que eu aviso.
Tirem isso da cabeça de uma vez por todas (aliás se tirarem isso da cabeça e nao gastarem dinheiro em tules ridiculos, vao ter uma despedida de solteiras sem fotografias embaraçantes e sem arrependimentos futuros).
Eu trato da ameijoa e proponho um branco ou um verde gelado.
Zulú Eco Uniforme Sierra

Anonymous said...

Caro corto os coentros têm que ser bem picadinhos, mas primeiro alouras o alhinho num azeite a ferver, debruças as ameijoas devidamente lavadas, juntas jola a gosto e picante, só depois metes as ervas.
Serves de bandeja, acompanha com jola ou branco fresco.escuto
Nos entretantos recomendo muita combersa, risada, patê e jolas sempre a abrir do frigo (que era cinzento mas como vamos pro formoso agora será branco...)
But?

Anonymous said...

Vá um homem pedir uma refeição quente...

Anonymous said...

Começo a gostar mais do cinzento...
Bute nessa!!!!!!!!

Anonymous said...

Over and out!

Anonymous said...

A Alpha
B Bravo
C Charlie
D Delta
E Echo
F Foxtrot
G Golf
H Hotel
I India
J Juliet
K Kilo
L Lima
M Mike
N November
O Oscar
P Papa
Q Quebec
R Romeo
S Sierra
T Tango
U Uniform
V Victor
W Whiskey
X Xray
Y Yankee
Z Zulo

Anonymous said...

A verdade é que com isto já comia qualquer coisinha...

Anonymous said...

Ah...! Escolho o L, de Lima!

Anonymous said...

Uma noite nao sao dias e tu sabes como o dias a leva direita todas as noites, ainda vais a tempo é só correr pro intercidades, mas se vieres avisa pra comprar mais ameijoas e vinho.

Anonymous said...

Peninha, deslumbrante, apenas de avental / amansa as ameijôas e rega o girassol / um corto preciso / no seu maltês uísk / amarelo como o amarelo / de uns calções / dançando o tuist

Anonymous said...

29 anos tenho

Anonymous said...

30 vou fazer

Anonymous said...

A Fábula dos Porcos Assados

Uma das possíveis variações de uma velha história sobre a origem do assado é a seguinte:

Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, sempre que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque... até que descobriram um novo método.

Mas o que quero contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o SISTEMA para implantar um novo.

Há muito tempo que as coisas não iam lá muito bem; às vezes os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. O processo preocupava muito a todos, porque se o SISTEMA falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes - milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também milhões os que se ocupavam com a tarefa da assadura. Portanto, o SISTEMA simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, quanto mais crescia a escala do processo, tanto mais parecia falhar e tanto maiores eram as perdas causadas.

Em razão das inúmeras deficiências, aumentavam as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o SISTEMA. Congressos, Seminários, Conferências passaram a ser realizados anualmente em busca de uma solução. Mas parece que não acertavam.

Assim, no ano seguinte repetiam-se os Congressos, Seminários e Conferências. As causas do fracasso do SISTEMA, segundo os especialistas, eram atribuídas à indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam, ou à inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou ainda às árvores, excessivamente verdes, ou à humidade da terra, ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a quantidade das chuvas...

As causas eram, como se vê, difíceis de determinar - na verdade, o sistema para assar porcos era muito complexo. Fora montada uma grande estrutura: maquinaria diversificada; indivíduos dedicados exclusivamente a acender o fogo - incendiadores que eram também especializados, incendiadores da Zona Norte, da Zona Oeste, etc., incendiadores nocturnos e diurnos - com especialização em matutino e vespertino - incendiador de Verão, de Inverno, etc.

Havia especialistas também em ventos - os anemotécnicos. Havia um Director Geral de Assadura e Alimentação Assada, um Director de Técnicas Ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um Administrador Geral de Reflorestamento, uma Comissão Nacional de Treino Profissional em Porcologia, um Instituto Superior de Cultura e Técnicas Alimentícias (ISCUTA) e o Bureau Orientador de Reformas Ígneo-operativas.

Tinha sido projectada e encontrava-se em plena actividade a formação de bosques e selvas, de acordo com as mais recentes técnicas de implantação - utilizando-se regiões de baixa humidade e onde os ventos não soprariam mais que três horas seguidas. Eram milhões de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que logo seriam incendiados. Havia especialistas estrangeiros estudando a importação das melhores árvores e sementes, fogo mais potente, etc.

Haviam grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, além de mecanismos para deixá-los sair apenas no momento oportuno. Foram formados professores especializados na construção dessas instalações. Pesquisadores trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos; fundações apoiavam os pesquisadores que trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos, etc.

As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo, aplicar triangularmente o fogo depois de atingida determinada velocidade do vento, soltar os porcos 15 minutos antes que o incêndio médio da floresta atingisse 47 graus, posicionar ventiladores-gigantes em direcção oposta à do vento, de forma a direccionar o fogo, etc.

Não é preciso dizer que poucos especialistas estavam de acordo entre si, e que cada um baseava as suas ideias em dados e pesquisas específicos.

Um dia um incendiador categoria AB/SODM-VCH (ou seja, um acendedor de bosques especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso), chamado João Bom-Senso, resolveu dizer que o problema era muito fácil de ser resolvido, bastava, primeiramente, matar o porco escolhido, limpando e cortando adequadamente o animal, colocando-o então sobre uma armação metálica sobre brasas, até que o efeito do calor - e não as chamas - assasse a carne.

Tendo sido informado sobre as ideias do funcionário, o Director Geral de Assadura mandou-o chamar ao seu gabinete, e depois de o ouvir pacientemente, disse-lhe:

-Tudo o que o senhor disse está muito bem, mas não funciona na prática. O que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de diversas especialidades ?
- Não sei - disse o João.
- E os especialistas em sementes? Em árvores importadas para porcos, com suas máquinas purificadoras automáticas de ar?
- Não sei.
- E os anemotécnicos que levaram anos especializando-se no exterior, e cuja formação custou tanto dinheiro ao país? Vou mandá-los limpar os porquinhos. E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano têm trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos? Que faço com eles, se a sua solução resolver tudo? - Heim?
- O senhor percebe agora que a sua ideia não vem ao encontro daquilo de que necessitamos? O senhor não vê que se tudo fosse tão simples, nossos especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo atrás? O senhor com certeza compreende que não posso simplesmente convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas, sem chamas! O que o senhor espera que eu faça com os quilómetros de bosques já preparados, cujas árvores não dão frutos nem têm folhas para dar sombra? Vamos, diga-me!
- Não sei, não senhor.
- Diga-me, nossos três engenheiros em Porcopirotecnia, o senhor não considera que sejam personalidades científicas do mais extraordinário valor?
- Sim, parece que sim
- Pois então. O simples fato de possuirmos valiosos engenheiros em Porcopirotecnia indica que nosso sistema é muito bom. O que eu faria com indivíduos tão importantes para o país?
- Não sei.
- Viu? O senhor tem que trazer soluções para certos problemas específicos por exemplo, como melhorar as anemotécnicas actualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de Oeste (nossa maior carência) como construir instalações para porcos com mais de sete andares. Temos que melhorar o sistema e não transformá-lo radicalmente, o senhor entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez!
- Realmente estou perplexo! - respondeu o João.
- Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia dizendo por aí que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua ideia - isso poderia trazer-lhe problemas no seu cargo. Não por mim, o senhor entende? Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é?

João Bom-Senso, não falou mais nada.

Sem se despedir, meio atordoado, meio assustado com sua sensação de estar caminhando de cabeça para baixo, saiu sorrateiramente e nunca mais ninguém o viu.

Por isso é que até hoje se diz, em muitas ocasiões, que falta o Bom-Senso.