I broke my heart for every gain To taste the sweet, I faced the pain I rise and fall, Yet through it all this much remains
Assim começa uma das mais famosas da cantora de bodyguard, e é só nisso que penso quando me vem à memória o Custódio. Programa da manhã, Fátima Lopes dá início, com Hernâni Gonçalves, à rubrica: Crónica Policial, o tema é um assalto aos correios de uma vilória de Sintra, onde o bucolismo romântico ainda prevalece sobre o cosmopolitismo fashion de Cascais e o sonoro bulício de Lisboa. Os larápios entraram cedo, roubaram a agência e espancaram com violência um popular que se encontrava no local. À mesa encontra-se ainda um idoso, enfiado, de muletas, olhos negros arroxeados, com equimoses várias pelas partes descobertas do corpo, vai anuindo. Sedenta, Fátima interpela o ancião: Ò Custodio conte lá…Pois, eu tinha ido pagar a agua, entrou um encapuçado disse que era um assalto e bateu-me, perdi os sentidos e não sei mais nada. Comoção no auditório enquanto a apresentadora, jornalista e criminólogos dissecam o ocorrido. A crónica aproxima-se do fim mas Fátima ainda não está contente e questiona novamente: “mas agrediram assim sem mais nem menos…” “Pois, entraram, disseram que era um assalto e deram-me uma sova, perdi os sentidos…” Lesto e sibilino Hernâni interrompe e junta: Testemunhas no local afirmam que o bom do Custódio terá retorquido aos meliantes: “Bem se isto é um assalto eu vou-me já embora…” O estúdio rebenta numa gargalhada hipócrita logo reprimida pelo decoro a morder o lábio e a chorar para dentro, enquanto Fátima e os técnicos criminais presentes repreendem com o olhar e explicam que não se deve resistir nestas situações. Obrigadinho, para o Custódio o conselho vem tarde, ele sabia lá. Grande Custódio aqui fica o meu abraço sentido, as nódoas negras em breve vão sarar (agora vão ficar um bocadito roxas mas depois isso passa) o que nunca se apagará é a imagem fabulosa de um cidadão com a presença de espírito, única na vida, para dizer aos assaltantes que se aquilo era um assalto ele dava de frosques, raspava-se, dava ao chinelo, que ia dar uma volta a fazer tempo, que não se interessava pelo tema, não tinha feitio nem vida para aquilo, talvez regressasse mais tarde, numa altura mais oportuna e cómoda para todos, ele até só queria pagar a agua… Custódio tanto quanto sei o Breda Sénior e o seu famoso casaco de cabedal também mandam as melhoras, aparece no Goucha.
Finalmente chegado a porto seguro,depois de intempéries atravessadas com a companhia de Lubowitz,dou de caras com este deserto de palavras.Que contraste com aquele mar revolto e ainda mal navegado de MTV,ali para os lados do Oriente!!!! Falta boatinho,não é....?Rapaziada toca a escrever,que isto não está aqui só para enfeitar!É reconfortante ler-vos e por isso apelo!
Sueñan las pulgas con comprarse un perro y sueñan los nadies con salir de pobres, que algún mágico día llueva de pronto la buena suerte, que llueva a cántaros la buena suerte; pero la buena suerte no llueve ayer, ni hoy, ni mañana, ni nunca, ni en lloviznita cae del cielo la buena suerte, por mucho que los nadies la llamen y aunque les pique la mano izquierda, o se levanten con el pie derecho, o empiecen el año cambiando de escoba. Los nadies: los hijos de nadie, los dueños de nada. Los nadies: los ningunos, los ninguneados, corriendo la liebre, muriendo la vida, jodidos, rejodidos: Que no son, aunque sean. Que no hablan idiomas, sino dialectos. Que no profesan religiones, sino supersticiones. Que no hacen arte, sino artesanía. Que no practican cultura, sino folklore. Que no son seres humanos, sino recursos humanos. Que no tienen cara, sino brazos. Que no tienen nombre, sino número. Que no figuran en la historia universal, sino en la crónica roja de la prensa local. Los nadies, que cuestan menos que la bala que los mata.
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I broke my heart for every gain
To taste the sweet, I faced the pain
I rise and fall,
Yet through it all this much remains
Assim começa uma das mais famosas da cantora de bodyguard, e é só nisso que penso quando me vem à memória o Custódio.
Programa da manhã, Fátima Lopes dá início, com Hernâni Gonçalves, à rubrica: Crónica Policial, o tema é um assalto aos correios de uma vilória de Sintra, onde o bucolismo romântico ainda prevalece sobre o cosmopolitismo fashion de Cascais e o sonoro bulício de Lisboa. Os larápios entraram cedo, roubaram a agência e espancaram com violência um popular que se encontrava no local.
À mesa encontra-se ainda um idoso, enfiado, de muletas, olhos negros arroxeados, com equimoses várias pelas partes descobertas do corpo, vai anuindo. Sedenta, Fátima interpela o ancião: Ò Custodio conte lá…Pois, eu tinha ido pagar a agua, entrou um encapuçado disse que era um assalto e bateu-me, perdi os sentidos e não sei mais nada.
Comoção no auditório enquanto a apresentadora, jornalista e criminólogos dissecam o ocorrido. A crónica aproxima-se do fim mas Fátima ainda não está contente e questiona novamente: “mas agrediram assim sem mais nem menos…” “Pois, entraram, disseram que era um assalto e deram-me uma sova, perdi os sentidos…” Lesto e sibilino Hernâni interrompe e junta: Testemunhas no local afirmam que o bom do Custódio terá retorquido aos meliantes: “Bem se isto é um assalto eu vou-me já embora…” O estúdio rebenta numa gargalhada hipócrita logo reprimida pelo decoro a morder o lábio e a chorar para dentro, enquanto Fátima e os técnicos criminais presentes repreendem com o olhar e explicam que não se deve resistir nestas situações.
Obrigadinho, para o Custódio o conselho vem tarde, ele sabia lá.
Grande Custódio aqui fica o meu abraço sentido, as nódoas negras em breve vão sarar (agora vão ficar um bocadito roxas mas depois isso passa) o que nunca se apagará é a imagem fabulosa de um cidadão com a presença de espírito, única na vida, para dizer aos assaltantes que se aquilo era um assalto ele dava de frosques, raspava-se, dava ao chinelo, que ia dar uma volta a fazer tempo, que não se interessava pelo tema, não tinha feitio nem vida para aquilo, talvez regressasse mais tarde, numa altura mais oportuna e cómoda para todos, ele até só queria pagar a agua…
Custódio tanto quanto sei o Breda Sénior e o seu famoso casaco de cabedal também mandam as melhoras, aparece no Goucha.
Finalmente chegado a porto seguro,depois de intempéries atravessadas com a companhia de Lubowitz,dou de caras com este deserto de palavras.Que contraste com aquele mar revolto e ainda mal navegado de MTV,ali para os lados do Oriente!!!!
Falta boatinho,não é....?Rapaziada toca a escrever,que isto não está aqui só para enfeitar!É reconfortante ler-vos e por isso apelo!
Corto
Sueñan las pulgas con comprarse un perro y sueñan
los nadies con salir de pobres, que algún mágico día
llueva de pronto la buena suerte, que llueva a cántaros
la buena suerte; pero la buena suerte no llueve ayer, ni
hoy, ni mañana, ni nunca, ni en lloviznita cae del cielo
la buena suerte, por mucho que los nadies la llamen y aunque
les pique la mano izquierda, o se levanten con el pie derecho,
o empiecen el año cambiando de escoba.
Los nadies: los hijos de nadie, los dueños de nada.
Los nadies: los ningunos, los ninguneados, corriendo la liebre,
muriendo la vida, jodidos, rejodidos:
Que no son, aunque sean.
Que no hablan idiomas, sino dialectos.
Que no profesan religiones, sino supersticiones.
Que no hacen arte, sino artesanía.
Que no practican cultura, sino folklore.
Que no son seres humanos, sino recursos humanos.
Que no tienen cara, sino brazos.
Que no tienen nombre, sino número.
Que no figuran en la historia universal, sino en la crónica roja
de la prensa local.
Los nadies, que cuestan menos que la bala que los mata.
Queima o cavaco que há em ti!
Para toda uma geração:
http://ma-mada.blogspot.com/
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