
Me liga do orelhao do calcadao, vai
Diz-me com quem andas
De acordo com informações veiculadas hoje pela SICNOTICIAS, foram descobertas pela PJ, na sede do BES, as minutas manuscritas dos despachos exarados pelos ministros de Santana e Portas concernentes ao escândalo Portucale.
Vigaristas sem classe, intrujões incompetentes. Mais do que a subserviência politica em geral e dos partidos em particular, na sua relação com o poder económico, esta descoberta, a confirmar-se, coloca de novo na ordem do dia os considerandos acerca da incapacidade de uma certa classe de gamar em estilo.
Não é de agora.
Lembro com saudade as trapalhadas e indiscrições de antanho, em que o escol político do Atenas se viu (ou foi) envolvido.
À cabeça o célebre caso da “Vigarice das Letras” em que alguns camaradas do núcleo alegadamente teriam sido desviados da votação num “candidatão” para apoiarem o indescritível “teve sido”, o tal que nunca integraria uma lista “por ordem abcedaria”, distinto membro da não menos famosa “Casa da Praça”. Correu tinta nos jornais e quase sangue nas escadas do velho Etc., em boa hora surripiei o “Morais portátil” das mãos estrafegadoras do enorme candidato atrás referido.
Não foi por mal, foi mal feito.
Bem feitas eram, na ausência de sondagens, as analises das expressões de voto, do outro lado do vidro da sala de estudo, por entre as folhas de um qualquer jornal com um oportuno buraco. O estudo, salomonicamente dividido entre elementos “nossos” e “deles” (ou não…) servia para incrementar, desviar ou orientar, os esforços caciquistas em determinadas faculdades.
Era a bem do “normal funcionamento do acto eleitoral”.
Outra ocasião delicada ocorreu aquando das manigâncias do Dr. Sovaco ou “Tulios Detritos” como carinhosamente era apelidado no Pazok, o único homem capaz de comer e beber, ao mesmo tempo, chocolates, batatas fritas, cervejas e sumos, que a dançar fazia quilómetros no pardieiro da Afonso Henriques, e que terá esbofeteado o meu padrinho enquanto afirmava, peremptório, “esta noite a Joana é minha”, de sonho. Ainda correu a bom correr para fora do OAF, uns bons metros (até à João Jacinto na alta) e minutos à frente do presidente das “cem horas”.
Agora deixar provas escritas daquilo que se fazia, isso não. Não se roubava, não se traficava, não se mafiava, pueris manifestações de juventude diriam uns, inocentes brincadeiras de meninos diriam outros. Diversão à brava diria eu que fiquei com tantas histórias pra contar.
Luisão o bom gigante do clube da águia, sentenciou, com um desvio oportuno a uma bola lançada sobre a grande área sportinguista, o desafio que opôs no pretérito sábado duas das mais prestigiadas agremiações desportivas portuguesas, Sporting e Benfica.
Depois do longilineo central voar entre os centrais deu-se a explosão no mítico café da Lourenço Almeida Azevedo. Contraditório, o momento misturou gritos de alegria e raiva, apupos e bravos, risos e lágrimas, ilusão e desespero revelando a heterogeneidade constitutiva da massa que atentamente seguia o prelio.
Tudo começou antes com a prévia reserva dos melhores “spots”: Seniores debaixo da televisão (cataratas miopias e outras maleitas da idade assim obrigam), o hércules da Antero de Quental e um grupelho residual logo a seguir (daqui vê-se melhor dizia o garoto, olhos sôfregos nas pernas do Nuno Gomes), na mesa de entrada uns inquietos beersbilly e javali (que a cada comentário somavam um sonoro “mais uma tulipa”, numa algazarra infernal) , na mesa tradicional moi méme, as miúdas e um fresco e elegante Maneta (aquele rapaz…ai aquele rapaz é uma peninha sozinho em Lisboa à mercê da grande metrópole).
Por lá passaram o Eng. Rabbit, o Arquitecto com nome de mestre renascentista (malta prometi não escrever nomes próprios e esta foi a maneira mais simpática que encontrei, não se melindrem) em representação da família que a essa hora se contentou em ouvir relatos… (“eles foram tão longe, foram tão longe e embora tão perto, não vão mais alem” – vocês sabem do que eu estou a falar…).
Foi um fim de tarde de estalo: um creme de sapateira, pela mãe de Zeu s, um camião de finos, por Odin, um chorrilho de bocas, por norma, e a vitória da única equipa que quis ganhar, por acaso.
Por isto ou por aquilo o certo é que o Café estava cheio, a abarrotar, claques animadas, observações argutas e sagazes, adeptos ladinos e brigões, adeptos do 4-4-2 e do tudo ao molho, entre um fino e um tremoço lá saía um nome ao arbitro (segundo fontes bem informadas parece que o pai do dito senhor…enfim…já apitava). Como não podiam ganhar os dois, ganhou o melhor.
Ganhou o Benfica e o Zé (que calma…, que porte…, que elevação na vitoria…que forreta nos saiu o tipo não ofereceu um fino sequer…)
Não se confirmou a previsão daquele amigo meio mongo envergando um jersey encarnado, que, entrevistado antes do jogo, dizia:
P: Então qual vai ser o resultado?
R: Quinje a zero, (abana a cabeça e repete) sim senhor, quinje a zero…
P: Ahhh quinze…olhe e quem marca os golos?
R: O jugador… quinje a zero…
P: Ahhh o jogador…isso quer dizer que o homem da relva não marca?...
R: Marca. Mas é anulado…quinje a zero”
Momentos antes tinha acabado no calhabé a dolce vita da Académica com um regresso, espero que momentâneo e irrepetível, ao amargo sabor da derrota. Conta o javali que alguns adeptos apuparam (provavelmente aqueles que só vão se houver bilhetes à gola), e que a Mancha Negra aplaudiu e rodou os cachecóis, especial louvor para os últimos, que sendo os que acompanham nos momentos difíceis (parabéns vocês nunca estão sozinhos), sabem que foram os jogadores que fizeram tudo mais fácil.
Raios e Coriscos. Não se pode exibir uma mama farta que logo vem o Atenas fazer boquinhas qual tozinho na pista do velho etc. Foi pouco depois de instalada a Universidade em Coimbra mas ainda me lembro que mal soavam os acordes de “rebel rebel” ou ainda bailavam as lânguidas notas de uma qualquer balada dos xutos e o nosso Dr. comprimia com sentimento o lábio fino fazendo um espichar de beijo cego.
Fica aliás para a historia um Carnaval no tererê, aquele em que no momento de maior frisson sonoro: “ei meu amigo charlie, ei meu amigo charlie brown …., você abusou…, aeiou ípsilon trio maravilha…, brigite bardot, bardot, brigite beijou, beijou…, ai ai caramba, ai ai caramba” : que o Sr. Costa, até aí a tirar finos, subiu para o balcão e, curvado, dançava com vontade, no balcão eu e a sandrinha, (com aquele funcionário preto que depois do Olivier era a marca registada da boite), num momento de maior excitação o Sr. Costa eleva abruptamente a cabeça esquecendo o tecto de chapisco, acto contínuo à cabeçada cai desamparado pra trás do balcão onde o fomos socorrer enquanto o rijo homem balbuciava, quem sou eu, onde é que estou e …eu estou bem, eu estou bem.
Ahhh esse é um tema e um espaço que motivará outros posts. O que interessa é o presente, alias mais do que o presente tenho que agradecer as prendas que constituem cada um dos comentários, e são alguns, aqui colocados.
Considero que poesia nunca é demais num mundo asentimental, material, e frio como é cada vez mais o nosso, todavia devo advertir os que usam desta forma de expressão que as miúdas gostam é de um bom apertão do próprio e pouco de palavras dos outros, vocês escolhem.
Agradeço, embora sem saber a quem mas isso não interessa muito, as simpáticas palavras da Nike (TGV já, de preferência de Lisboa à Corunha) e do Páris, (espero não ser liquido o apoio do meu partido ao camarada Manuel Alegre mas depois falamos) as gargalhadas do Sailor que, embora algo repetitivas, não deixam de marcar de alguma forma o ritmo animado e divertido do blogue, os textos de crónica de vida diária, cada vez mais deliciosos do Peninha, a estéril discussão cinematográfica encetada por Beersbilly (toda a gente sabe que desde wild at heart nunca mais houve um road movie decente e que wenders devia ser chicoteado mas prontos…), Numerobis muito bem na brecha de um erro de post, tu não deixas em claro, grande sentido de oportunidade, sabes que não são só os velhos que fazem anos, mas compreendo a arrogância da juventude, um dia ainda te atiro com um tremoço pra dentro do fino, Manuel nas minhas mamas crescem pêlos, não ias gostar.
A todos agradeço e assim comento uma foto dos Evzones, (da autoria de Diana Mayfield) ou homens bem armados, que hoje em dia guardam o palácio do parlamento grego, nós aqui no blogue não seguimos as pisadas controleiras de outros espaços semelhantes.
A democracia exige a liberdade que por sua vez impõe a responsabilidade. A ética e o direito fazem o resto. Assim …a quem aproveitam os blogues limitados. Divirtam-se e como diria a D. Adelaide (em grande no cortejo) “meninos… lapas, sandrinha, portem-se bem”.